À deriva
- Pri Oliveira

- 25 de jul.
- 2 min de leitura

Com certeza o tema filhos é um grande dilema para mim. Eu amo crianças.
O cheirinho, a astúcia, a inteligência mirim e criatividade sem fim.
Mas isso, por si só, é suficiente para ser mãe?
Além de dinheiro, tempo, vontade... Outras questões que não dependem da gente: mudanças geopolíticas, o clima, enfim... A paternidade! Porque até nisso somos cobradas ao 'escolher errado'
os homens que querem muito ser pais mas abandonam a paternidade sem cerimônia.
Esse assunto é recorrente na minha terapia. Muitas dizem: se você não tem certeza que quer, não tenha. Mas a gente não pode nunca mudar de ideia?
Uma grande amiga minha sempre foi convicta de que não queria filhos. De jeito nenhum! Prestes a completar 40 anos ela voltou atrás. E tentou. Tentou muito e por muito anos. Ela não conseguiu e isso a marcou muito.
E o meu maior medo é justamente esse: mudar de ideia. De não ter e depois querer (e não conseguir). De ter e me arrepender (aí não tem como desfazer, né?). Eu queria ter certeza absoluta. Não tenho. A escolha carrega muita responsabilidade. Muita mesmo. Ao menos para mim... e isso que me deixa quase em pane.
Nessas minhas divagações de 'ter ou não ter, eis a questão',
acabei escrevendo o texto abaixo, que nomeei exatamente como me sinto e como sigo
nesse assunto: à deriva. O rio me leva e eu estou seguindo a correnteza:
Nada que me diga será suficiente para abalar minha indecisão.
Carrego no peito um nevoeiro antigo, feito de dúvidas costuradas à mão.
Cada passo é um talvez.
Já pesei prós e contras como pedras, já ouvi conselhos.
Mas meu silêncio grita mais alto que alvoroço, dentro de mim.
Não é medo, nem falta de querer.
O mundo gira tão depressa que mal posso saber se sou eu
ou a pressa que escolhe por mim sem me dizer.
Me sinto à deriva, seguindo o curso das águas da vida.
Sem mapa, sem vela, sem pressa contida.
O tempo me leva, e eu vou.
As margens acenam com promessas bonitas,
mas eu olho para cima, em busca de uma voz que diga:
“É por aqui que você deve remar.”
Às vezes, o sol me abraça, às vezes a tempestade me faz duvidar.
Mas sigo, sem saber se há chegada ou retorno,
apenas vivendo o que o rio quiser me ofertar.
E você? sempre teve certeza do que queria? convive bem com a sua decisão. Se você se sentir à vontade, compartilha comigo <3 um xero, Pri




De alguem que exerce a maternidade puramente pelo senso de dever,não encontra e nunca encontrou qualquer prazer nisso,digo que suas dúvidas já são uma grande caracteristica de quem vai ser (caso escolha ser) uma excelente mãe, porque pensou em cada detalhe e se preocupou com cada pormenor,como só alguem com amor pra maternar é capaz.
Pri, querida,
Primeiro, queria te dizer que seu texto é tão honesto e poético que quase dá pra sentir o rio balançando a gente junto com você. E sabe de uma coisa? Isso já diz muito sobre o tipo de mãe que você seria alguém que navega com os olhos abertos, mesmo na névoa.
Sua dúvida não é falta de coragem, é excesso de amor. Você já carrega dentro de si o peso e a leveza dessa escolha, e por isso ela dói tanto. Não é "só" uma decisão é um salto de fé num mundo que insiste em ser imprevisível.
Sobre sua amiga que mudou de ideia: a vida é assim mesmo. A gente nunca tem garantias. Podemos nos…
Sobre esse assunto, eu tbm era assim, muitas dúvidas, mas desde o ano passado essa dúvida sumiu e cada dia que passa eu sinto mais vontade de ser mãe ♡